Será que desperdiçamos saudades?
Afinal em que consiste o desperdício?
Tolice… tempo mal gasto… esbanjar vida?
Se todos os minutos vividos (aqueles que realmente importam) nos tocam lá no fundo num momento de preocupação, angustia ou desilusão, porque é que desperdiçamos alguns deles na nostalgia daquilo que já não existe? Porque é que simplesmente não ignoramos o que nos esfria a alma e chicoteia o coração?
Porque é que não toleramos ouvir aquela música no rádio, ou aquele perfume na rua? Porque é que não suportamos falar do que nos magoa, e porque é que temos a sensação que ninguém nos ouve realmente, realmente, realmente na profundidade do nosso sentimento, no beco da nossa dor?
Mas se a saudade provém de sentimentos bons, porque é que não a guardamos num cantinho do sorriso, em vez de a afogarmos no poço da solidão?
Saberemos lidar com a resistência inerte com a qual o caminho da vida pactua?
O nosso caminho da vida.
O nosso.